terça-feira, 3 de fevereiro de 2009



CADÊ A REPÚBLICA?


Em termos de Justiça e, mais particularmente, de ações voltadas à punição de políticos corruptos, o Brasil, com seus parcos 509 anos, ainda engatinha. Enquanto batalha para tirar do cargo políticos que inflam a justiça com processos de corrupção, nos EUA crimes menores – como mentir – dão perda de mandato e até cadeia. O prefeito de Detroit, Kilpatrick, passará quatro meses em cana e pagará à prefeitura indenização de 1 milhão de dólares. Perdeu a pensão de prefeito, ficará cinco anos com os direitos políticos suspensos e, como também era advogado, não poderá voltar a advogar (fato ocorrido em 2008). Grécia, o berço da própria democracia e todo o Velho Continente, os crimes contra a administração pública é uma questão de honra e de moralização social, sem mencionar os países orientais que possuem leis mais severas.


Assim, o brasileiro, diante de fartas denúncias de corrupção e de tanta impunidade, tende a pensar que a lei está a serviço dos interesses desses políticos e a desserviço da grande massa, privilegiando e abrindo brechas aos políticos corruptos. Exemplos não faltam, como Paulo Maluf, em São Paulo, O caso do “mensalão” em Brasília e a velha máxima que tudo acaba em pizza em Brasília. Nessa “brincadeira” , o Brasil ocupa o 80º lugar no ranking mundial da corrupção, empatado com Arábia Saudita e Tailândia, numa lista que vai até 180 países, quanto maior o número, mais corrupto é o país, perde inclusive para países vizinhos como Colômbia (70º) e países da África, como Gana (67º). Por conta disso, os tribunais de Justiça têm se empenhados na luta contra os corruptos e, principalmente, contra nossas próprias leis, que queiramos ou não, abrem não somente brechas, mas fendas profundas para a perpetuação desses maus políticos.


Dessa forma, novas vozes, inclusive do próprio judiciário (como da Associação dos Magistrados Brasileiros) se somam engrossando o coro daqueles que querem eleições limpas, pois esse é o mal-raiz que gera a corrupção mais danosa , do desvio de dinheiro, que segundo o filósofo Renato Janine, "esse desvio impede que esse dinheiro vá para a saúde, a educação, o transporte, e assim produz morte, ignorância, crimes em cascata. Mais que tudo: perturba o elo social básico que é a confiança um no outro”. A sociedade também se manifesta e por meio de milhões de assinaturas, os eleitores exigem a criação de projeto de lei pela Câmara dos Deputados que vise banir os candidatos ficha sujas das próximas eleições.


Essa onda anti-corrupção vem da desconfiança da grande massa referente a política e a justiça , e sem confiança e sem um elo social, não há a vida republicana, em que prevalece a "coisa pública" (res publica). A república foi formada combatendo exatamente a corrupção da monarquia e o patrimonialismo. Assim sendo se questiona, que república temos hoje?


Em Chaves, Marajó, denúncias do Ministério Público e da Coligação de Partido Político ensejaram duas ações contra o prefeito eleito Ubiratan de Almeida Barbosa. As ações são baseadas em provas testemunhais de compra de voto. Fato que não é novo em Chaves, mas por conta da transformação do fazer-política que paulatinamente está modificando o Brasil, esses fatos tomaram grandes repercussões. Somente agora o povo teve a ousadia de denunciar numa tentativa plausível de moralizar a vida política de seu município. É sabido que a corrupção eleitoral sempre existiu no Brasil, em maior ou menor grau, mas o que intriga em Chaves é a ambição desmedida pelo poder, capaz de ganhar o voto não pelos projetos, mas pelo apelo sedutor do dinheiro. Para uma população pobre, como a do Marajó, dar um prato de comida e dinheiro em troca de voto é um negócio rentável. O título vai além de uma cédula de identificação do eleitor, é sobretudo, uma cédula de dinheiro e um cartão de oportunidades. Tão comum que muitos eleitores esperam a época de eleição para comprarem seus barracos e prover mais fartamente sua família. O candidato ao fazer campanha tem que sair com o bolso farto de notas trocadas. Paga cerveja, o almoço, o leite da criança...


A punição dos políticos corruptos serve não só para puni-los, mas especialmente para educar os eleitores. Eleição é o ato democrático mais importante. Voto é confiança. Se vendo minha confiança como poderei cobrá-los depois? O remédio é esperar passar “os 4 anos de chineladas”.

3 comentários:

Luíza Vasconcelos disse...

Excelente! Precisamos manter acesa a chama da mobilização do povo de Chaves, em busca de que se faça justiça social.Penso que o movimento que está sendo feito, após o pleito eleitoral,ainda que não seja desta vez, que o Birão e seu grupo saiam do cenário político do município por cometerem irregularidades no que diz respeito ao tratamento que dão a gestão pública, isso é a justiça quem vai decidir, mesmo que não aconteça, ainda nesse momento, acreditamos que não tardará...Por tudo isso, Chaves não será mais a mesma, hoje ainda que de forma bem lenta, o povo já percebe, está mais consciente de que as políticas públicas tem que ser direcionadas aos interesses da população, principalmente a carente e desprovida de assistencia social. Essa atual administração, que está aí, com Birão prefeito, a Vera na Camara e o resto dos Barros distribuídos em outros cargos ( claro que não são todos)transformaram em gestões passadas numa empresa particular dos Barros e pensam que a coisa pública é brincadeira... sou uma legítima chaviense, filha de Arapixi que não tolera mais esses abusos. Sem medo de ser feliz, vamos continuar denunciando. Estamos de olho!

Luíza Vasconcelos disse...

Quando me refiro no comentário feito anteriormente...transformar em empresa particular,estamos nos referindo a Prefeitura Municipal de Chaves.

Prof disse...

Toda transformação requer sacrificios, o povo de chaves sabe o que é enfrentar toda uma familia a compor o administrativo municipal, a luta foi longa e finalmente atravez da justiça conseguimos vislumbrar uma cidade para o futuro e um povo com esperança de dias melhores , trabalhos envolvendo arte , facilitaram o entendimento do que é ser cidadão ,do seu papel e do papel da administração ,publica (prefeitura).eis que ao consolidar a Democracia e o Estado de Direito e fortalecer os principios da legalidade e da moralidade , surge na prefeitura de Chaves a Familia do Prefeito Benjamim Almeida , ocupando cargos Municipais com Sec. De Assistencia , Sec. de Administração , numa total falte de respeito e principios eticos , como se tudo o que tivesse feito fosse para nada , conclamo aos Chavienses, lutar por mais esta conquista , lutar de forma justa apoiados na justiça e no brio desse povo , sinto vergonha ao me deparar com toda essa situação de (dejavu).mas sei que de uma forma ou de outra a chama da mobilização estará acesa e que no proximo pleito o Ministerio Publico, A justiça , A Igreja , a Sociedade Civil como um todo possam acordar dessa utopia , dessa enganação dessa nova e da antiga administraçã.
o que é mais tortuoso saber e que é uma cidade de cabeças pensantes, de poetas , Escritores, Professores,Filhos Ilustres de Arapixi, mas que no fundo se inebriam com o poder e com a vaidade de soluções práticas e confortaveis para si proprios.