sábado, 14 de fevereiro de 2009

Ana Amélia Maciel, uma das mais ilustres filhas de Chaves, escreveu em seu livro “O Manto do Marajó” várias declarações de amor à terra onde nasceu. Com poesia e magia, Ana Amélia resgatou sua infância e contou detalhes de uma cidade que hoje não consigo reconhecer. Na leitura que fiz do seu livro descobri uma cidade rica, com cultura, desenvolvimento e história. Onde está essa cidade?
O choque maior, nas leituras do livro, foi deparar-me com as fotos de ruas que hoje não eistem mais. Grandes extensões de terras foram levadas pelo rio e junto com as ruas, casas, árvores e histórias. Ana Amélia então sintetiza um pensamento que agora me deparo a refletir:
“HÁ UM VENTO QUE TE DERRUBA, UM MAR QUE TE ARRASTA E UM POVO QUE TE SUSTENTA””
A beleza de Chaves é incontestável. Com uma localização privilegiada, destaca-se por possuir quilômetros de praias. Além de ser uma cidade ventilada, com grandes áreas para construção e cultivo, Chaves poderia ser o centro da pesca, agricultura, pecuária e turismo do Marajó. Dentre as cidades marajoaras, Chaves com seus 254 anos seria a “rainha marajoara”, a mais cobiçada dentre as cidades do arquipélago.
O que vemos hoje é uma cidade isolada. Sem qualquer fonte de emprego e turismo a população tornou-se completamente dependente da prefeitura, que conseqüentemente, tornou-se o principal órgão empregador.
A poucos quilômetros daqui está Afuá, que conseguiu em muito menos tempo uma evolução política, social, econômica e cultural que ainda nem sonhamos. Uma cidade que já fora distrito de Chaves, erguida em meio a lama, sem qualquer atrativo turístico e econômico, demonstrou que é possível o desenvolvimento social no Marajó, bastando para isso, competência para governar e respeito ao povo.
Incompetência e desrespeito são adjetivos que ferem e marcam a reputação e história de nossa cidade. Logo ao chegarmos a Chaves, seja por avião ou barco, um cartão-postal de mau-gosto nos é apresentado: o famoso cais. Um amontoado de areia e cimento postos nas encostas da cidade, com pouco menos de 100 metros de extensão, demonstra o fazer-política do Dr. Birão. É um tapa na cara do cidadão, um “chute no saco”, um faz-de-conta que açoita a nossa inteligência. Qualquer pessoa , com um pouco de sensibilidade, verterá lágrimas ao ler o processo de Ação Popular intentada por alguns cidadãos , contra o prefeito, na ocasião, Dr. Birao. Com licitação obscura, com total desrespeito ao contrato inicial que previa 150 m de muro, sem aval de um profissional especializado, o tal cais, que custou-nos, na época, 200.000,00 reais, hoje, é a própria cara de Chaves. Uma cara rachada, deprimente, vergonhosa, corrupta e caindo aos pedaços.
Várias histórias sobre a construção do cais já foram relatadas pela própria população, todos sabem, mais do que eu, como foi feita essa obra. Não se trata de oposição contra a figura política “Birão”, trata-se de tomar posição a favor de um bem comum.
Não se pode admitir o mau uso do nosso dinheiro. Visitem o Fórum de nossa cidade, peçam o processo da Ação Popular, leiam. É direito seu. Além desse, existem mais três. Questionem os “porquês”, procurem entender os acontecimentos relevantes de sua cidade e exija que a lei seja cumprida, faça valer a nossa Constituição Federal.
Se nós, chavenses, não cuidamos de nossa própria cidade, como queremos que os outros a cuidem? Fechar os olhos só nos trás a escuridão. Somos nós os principais responsáveis pelos políticos que elegemos. Recolher-se, como faz a tartaruga, não é uma saída. Nossos problemas também serão recolhidos para dentro de nós mesmos , dessa forma, nada veremos, nada sentiremos, nada saberemos. Se continuarmos com esse espírito de tartaruga, a frase que deu título a esse texto vai ter que ser mudada: “POLÍTICOS TE DERRUBAM, UM RIO TE ARRASTA E O POVO RECUA”. É preciso sermos como a águia, que aguça ouvidos, olhos e competência e se lança a conquista de seus objetivos.

Um comentário:

Unknown disse...

Sou morador de Chaves a pouco tempo, mas desde o dia em que cheguei a esta pequena grande maravilha percebi que há nela todas as maravilhas que muitos gostariam de possuir não sei como a cidade era a 10 anos atras na verdade acho que nem quero saber porque nossa vida tem que ser pensada sempre no futuro e é assim que vejo esta questao de como vai ser o futuro de Chaves, sera que meus filhos terao a oportunidade de ver o que estou vendo hoje ou so vai ser lembranças vagas de fotos digitais de uma paria maravilhosa e matas mal exploradas? Não tenho certeza só sei que temos que fazer algo e isso precisa de tempo, paciência e atitude sem isso nao conseguiremos nada...

Já ouvi pessoas dizendo que ama Chaves, mas ao mesmo tempo não faz nada pra que a situação mude.
Isso é amor?

Abraços


Rodrigo Ribeiro (BigBoy)