terça-feira, 16 de dezembro de 2008

DEMOCRACIA: “DE UM POVO HERÓICO O BRADO RETUMBANTE”


Histórica. Assim pode-se definir a data do dia 15 de dezembro de 2008. Pela primeira vez, em 253 anos de existência, a cidade de Chaves disse “fora corrupção!”. Uma frase que ecoou em coro no salão da câmara municipal.


Pela primeira vez também, a população participou ativamente de uma decisão na câmara, pressionando e impondo seus interesses. A questão em pauta era a votação pela aprovação ou não aprovação das contas do ex-prefeito Ubiratan de Almeida (Birão). O TCM (Tribunal de Contas dos Municípios) detectou inúmeras irregulares no que tange a administração passada do ex-prefeito que foi eleito no pleito deste ano. O Tribunal de Contas apontou tecnicamente as irregularidades e recomendou aos vereadores a não aprovação das mesmas.


Diante dos fatos não haveria o que se questionar, mas em um município que fora esquecido durante 252 anos, aprovar contas desaprovadas era obrigação dos vereadores, pois os mesmos eram rendidos pelo prefeito, que os comprovam ou os apadrinhavam.


Diante de uma multidão indignada, três vereadores apadrinhados e/ou comprados pelo ex-prefeito e atual “prefeito eleito” votaram , sob fortes vaias ,pela aprovação das contas, mas seis vereadores disseram NÃO, desaprovando as contas e estabelecendo a ampla maioria de seis a três. Diante daquilo que era impossível há tempos atrás, a multidão chorou, e entre lágrimas e sorrisos cantaram o hino nacional, bradando “democracia!”.


Para os nove vereadores, dizer NÃO deveria ser a tarefa mais fácil e normal, uma obrigação diante de fatos notórios, comprovados tecnicamente por um órgão competente. Mas dizer um NÃO nunca foi tão difícil para alguns deles, pois somente a pressão popular, unida a representante do Comitê anti-corrupção e da imprensa, que arrancou-se os seis votos da não aprovação das contas. Os três vereadores que disseram SIM saíram vaiados da câmara, enxotados da maneira mais humilhante. Saíram da Casa do Povo sob gritos de “IIHHH FOOOORA”! Disseram “adeus” as suas fracassadas carreiras políticas manchando suas índoles e deixando claros seus descompromissos com o povo, não honrando e dignificando os votos que receberam ( tanto que não foram reeleitos no pleito de 2008).


A luta não acabou. O prefeito eleito terá que enfrentar uma série de acusações relacionadas às compras de votos. Testemunhas já depuseram e o resultado desta vergonhosa história sairá em poucos dias.
De uma coisa temos certeza, quem irá tomar posse no dia 1º de janeiro não terá tempo para esquentar a cadeira. Seja pela justiça que cassará o diploma, seja pelo povo que irá às ruas, à câmara, à prefeitura, exigindo, cobrando e lutando por seus direitos.


Meus caros, nada será como antes. O tempo do “laisser fair” passou.

terça-feira, 2 de dezembro de 2008



SEM CORRUPÇÃO NÃO HÁ ELEIÇÃO?


Lembrei-me das palavras que Santo Agostinho escreveu há mais de 1500 anos: “ Que são as quadrilhas de ladrões senão pequenos reinos?"

Parece que o lema “candidato honesto é candidato burro” não vai perdurar por muito tempo. A justiça eleitoral está disposta a banir de vez os candidatos corruptos, prova disso foi a enxurrada de denúncias aceitas contra políticos que fizeram da eleição deste ano um carnaval fora de época, com direito à marchinha e distribuição de preservativos. Políticos de renome já caíram na “dança do corrupto”, exemplos não faltam.
Em Chaves, não teve apenas um carnaval nessas eleições – no sentindo mais carnavalesco da palavra – teve também um festival de piadas, de humor negro e irritante. Os palhaços, reis momos e vassalos fantasiados alegraram o povo, brincaram de “pira” com a miséria, com uma mão davam dinheiro, com a outra, recebiam o voto. E o povo ria, levantava bandeiras e ostentava os nomes daqueles que um dia os lograram. Definitivamente o povo não tem memória.
Se a justiça não se fez por meio do voto, a própria justiça se fará. Hoje, 02 de dezembro de 2008, o destino político-eleitoral de Chaves será definido. E o povo testemunhará a vitória da democracia: a democracia moral. A justiça provará que há sim possibilidades de “eleição sem corrupção”, basta que o povo seja honesto e denuncie. E isso foi feito.